Estou apenas com esta vontade de escrever que surge assim quando estou um pouco triste e saudoso. O que devo escrever? Não sei.
      Dizem que quando não temos nada a dizer o melhor é ficarmos quietos em nosso canto, mas não sou dos que seguem aquilo o que os outros dizem.
      Assim insisto em continuar escrevendo...

  23 abril 2006
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Para quem gosta de fotografia

    Com a popularização das câmeras fotográficas digitais, vejo mais e mais pessoas fotografando diariamente. O que era considerado, no final dos anos 80, como um hobbie caro ou atividade relegada apenas para profissionais, hoje em dia se tornou "carne de vaca", ou seja, banal. Agora, qualquer pessoa que deseja, tem ao alcance do indicador nervoso, uma câmera digital de baixo custo. Como não há gastos com filmes, haja cliques! É quase automático: Estou com a câmera. Quero tirar fotos. Então lá vai a saraivada de cliques...
    Bom, para quem deseja ir um pouco mais além dos cliques, deixo aqui um pequeno texto do famosíssimo fotógrafo Ansel Adams.

    Visualization: The Art of Seeing a Photograph
    The steps in making a photograph may be simply outlined as follows:
    1. Need, or desire, to photograph. This attitude is obviously essencial. Sometimes just going out with the camera can excite perpective interest and desire to work. An assignment - a purpose - can be the greatest stimulus for functional or creative work.
    2. Discovery of the subject, or recognition of its essencial aspects, will evoke the concept of the image. This leads to the exploration of the subject and the optimum point of view.
    3. Visualization of the final picture is essencial in whatever medium is used. The term seeing can be used for visualization, but the latter term is more precise in that it relates to the final picture - its scale, composition, tonal and textural values, etc.
    4. Just as a musician "hears" notes and chords in his mind's ear, so can the trained photographer "see" certain values, textures, and arrangements in his mind's eye.

    Visualization, and the conscious application of fundamental techniques, does not inhibit the creative-intuitive faculties; it protects and augments them. The creative-intuitive forces must dominate from the start in all expressive work. If not, the whole concept of photography as a creative medium would be invalid. But a sloppy performance of a photograph is as abnoxious as a sloppy performance of music. Subject alone - or any mere simulation of reality - cannot support a work of art in any medium.

  16 abril 2006
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Deus

     Uma crônica de Luiz Fernando Emediato      
Esta crônica é para G.H. Wills, meu leitor; para Nicole, minha amiga; e para Rodrigo, meu filho. Todos eles acreditam em Deus.
     Houve um tempo em que ele acreditou em Deus. Haviam-lhe dito que ele existia e ele via o rosto de Deus na dourada estrela da manhã, no silêncio frio das madrugadas, no riso e na tristeza, na luz e na escuridão. Eram tempos felizes, aqueles.
     Ele não se lembra mais quando perdeu a fé e desistiu de Deus, mas isso - a data não tem importância. O significativo é que deixou de pensar na existência de Deus, de qualquer criador, e seguiu em frente, carregando como um duro fardo suas pequenas certezas, suas grandes dúvidas, seus sonhos, esperanças, ilusões.
     No início pensou que seguir vivendo sem fé seria amargo e vazio. A um homem sem Deus tudo seria permitido, até o crime? Lembrava da sua infância, do catecismo, da missa, dos padres, das confissões, do pecado e do perdão e perguntava-se o que faria da vida a partir de agora - quando não havia mais pecado e, portanto, culpa, remorso, punição.
     Mas a vida continuou igual sem Deus. Havia, é claro, a angústia, a incerteza diante da morte a caminho - todos os dias ele morria mais um pouco, as rugas surgindo no canto dos olhos e dos lábios, o relógio correndo, os olhos apertando-se, às vezes cinicamente, diante da quase certeza de que a vida é de certa forma absurda e sem sentido, embora ocasionalmente bela, maravilhosa, mágica.
     É engraçado, pensa o homem, como ele se desligou tão facilmente da idéia de Deus: sem traumas, sem dor, sem nada. E como, embora sem acreditar, ele lê desde a infância a Bíblia, descobrindo, do Gênesis ao Apocalipse, verdades e mentiras, delírios, fantasias, lições. Um livro o fascina mais que os outros: o Eclesiastes, com suas palavras desesperançadas: vaidade, tudo é vaidade. Todas as coisas têm seu tempo, e todas elas passam debaixo do céu, segundo o termo que a cada uma foi prescrito.
     Geração vai, geração vem, e a terra permanece como sempre, diz o Eclesiastes, e continua: levanta-se o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar onde nasce de novo. O que foi, é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer: não há nada de novo sob o sol. Nem mesmo a descrença, acrescentaria o homem - este homem que olha as estrelas à noite (quando há estrelas no céu) e pensa, fascinado, no grande e insolúvel mistério da vida.
     Há o tempo de nascer e o de morrer, o tempo de viver e o de voltar ao pó, ao Cosmos, quando a frágil carne se torna outra vez poeira de estrelas, eternidade, silêncio e solidão.
     Mas tudo se move, pensa o homem, tudo se move. Ele se lembra então da vez em que viu, no Museu do Espaço, em Washington, o filme Ten (Dez): uma câmera focaliza um casal com seu filho brincando em um parque e vai se distanciando dele, subindo rumo ao universo nas escalas do número dez: vê-se a família, a cidade, depois o Estado, o país, o planeta Terra, o sistema solar, a via Láctea, todas as galáxias, e depois o vazio imensurável - tudo? Na escala inversa, volta-se vertiginosamente ao grupo humano; um corpo, o braço da mulher, a pele, um poro, uma célula, um átomo, o núcleo do átomo, partículas minúsculas, e então outra vez o vazio imensurável - tudo? Eternidade. Silêncio. Solidão.
     Como somos frágeis, pensa o homem. É nesse instante dramático em que quase soçobra entre o ser e o nada que o homem olha com inveja aqueles que o cercam e acreditam, de alguma forma, em Deus. Ou em algo. Eles são o equilíbrio? A harmonia? A razão?
     Deus é conforto? É paz? É serenidade? O homem sorri levemente enquanto faz essas perguntas e olha os despreocupados rostos dos que têm fé ou não pensam jamais nisso: apenas crêem, mais nada. Às vezes, que estranho, este homem duro sente um grande amor por todos eles como se fossem mais frágeis por iludirem-se? Mas então ele se olha no espelho e pergunta: mas quem se ilude? Eles? Eu?
     E então... então ele se lembra com ternura, de anteontem, quando o filho de oito anos perguntou: "Pai, é verdade essa história de Adão e Eva?" E ele, o pai, tentou explicar toda a história do homem e sua evolução: átomos, água, carbono, amebas, megatérios, macacos, homens - a fascinante história da vida e da morte sobre a Terra. "Mas e Deus, pai?", pergunta o menino. E o homem se cala. Mas como manter o silêncio? E então ele pergunta ao menino o que ele acha, e a resposta vem: "Eu acredito". Tão simples. Tão fácil. Tão singelo.
     Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida, diz o Apocalipse, este livro cheio de mistérios, visões lisérgicas, sóis negros, rios de sangue, estrelas cadentes, tempestades, céus que se enrolam como pergaminhos, terremotos, mares de vidro, tochas ardentes e monstros alados.
     Mas o Apocalipse é um livro terrível melhor voltar ao Eclesiastes: "E eu reconheci que não havia coisa melhor do que alegrar se o homem, e fazer bem enquanto lhe dura a vida".
     Com ou sem Deus. Com ou sem Deus meus filhos.

Publicado no Caderno2 do Estado de São Paulo em 27 de setembro de 1987

  10 abril 2006
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Como divulgar um boato

     Divulgar um boato pela internet parece ser simples. Principalmente se for por e-mail e contiver frases alarmistas do tipo "muita gente ignorou o fato e acabou morrendo..." e por isso justificando que é lícito passar tal mensagem para a maior quantidade de pessoas possível.
     O fato é que na maioria das vezes a pessoa que recebe a mensagem não se dá ao trabalho de checar a veracidade do relato, mesmo porque isso é por vezes difícil de fazer.
     Mas na maioria das vezes é por pura preguiça mesmo. É mais fácil clicar no botão "Encaminhar" e pronto. Uma enxurrada de mensagens inúteis vão para as caixas dos destinatários...
     Vou colocar aqui uma sátira a essas mensagens, mas se você for um novato na internet, se prepare! Isto é apenas uma crítica bem humorada, NÃO LEVE A SÉRIO!!!

     Novo golpe na praça

     Isso não é uma brincadeira! Estão usando um novo golpe, envolvendo cartões eletrônicos, nos caixas dentro de lojas de conveniência! Passe essa mensagem para o maior número de pessoas que você puder!
     A quadrilha age da seguinte forma: primeiro, você recebe uma chamada em casa. A pessoa se identifica como sendo um funcionário da companhia de gás, e pede para você ir à cozinha e acender todas as bocas do fogão simultaneamente. Quando você faz isso, eles dizem que constataram um vazamento perigoso por meio da rede e que o conserto deverá ser efetuado até o final do dia. Para isso, o técnico irá precisar de seu cartão de banco ou de crédito para limpar as obstruções na tubulação do gás. Pede para você deixar imediatamente o seu cartão em frente a sua casa (ou edifício), próxima a uma árvore ou arbusto, até que o serviço seja concluído o cartão não será devolvido.
     Desavisada, a vítima não acha estranho deixar o cartão na calçada, previamente preparada. Enquanto isso, esquilos treinados descem da árvore por um tubo, e decoram os números do cartão de crédito. Eles também gravam a assinatura no verso de uma placa cuidadosamente preparada com palha e saliva. Depois, lambem a tarja magnética do cartão e, sutilmente, o devolvem por baixo de sua porta. Sem saber de nada, a vítima fica feliz em receber o cartão, mas já é tarde demais.
     Outros integrantes do bando, altamente treinados, ligam para sua casa identificando-se como funcionários da empresa de cartões de crédito (ou do seu banco) e solicitam que você passe a língua na tarja magnética de seu cartão para um teste de rotina.
     Desavisada, a pessoa cai em um sono profundo causado por uma enzima presente na saliva dos esquilos. Ao acordar, a vítima sente um forte gosto de peixe na boca. O sabor persiste por dias, deixando a vítima sem esperança de ter seu paladar de volta.
     Por meio de uma mala direta, a vítima é informada sobre um novo "spray" para o hálito que está sendo vendido pelo telefone. Sem a menor suspeita de que estão sendo enganadas, e já desesperadas com o gosto de peixe que não parece diminuir, a maioria das pessoas acaba por ligar para solicitar o tal produto. É neste momento que a trapaça ocorre.
     Ao receber a encomenda, a vítima rompe o lacre da embalagem libertando ácaros - especialmente criados em laboratório - que vão aliciar os já existentes em sua casa e instruí-los a roubar seus cigarros.
     Fora de controle, a vítima procura em vão seu maço de cigarros (já em poder dos meliantes) até decidir ir a uma loja de conveniência comprar mais. Mas "eles" já estão lá, disfarçados de frentistas do posto e balconistas.
     Na loja, avisam que o ar-condicionado da loja está quebrado e pedem a ajuda da inocente vítima para apertar uma série de botões coloridos e luminosos, enquanto um dos funcionários parece manejar ferramentas dentro do aparelho, nos fundos da loja.
     Completamente cega e hipnotizada, a vítima tem suas roupas amassadas e seu cabelo desarrumado. Demais integrantes da quadrilha sujam a pessoa com chocolate e batom, deixando-a deitada de costas no chão da loja de conveniência.
     Ao sair do transe, a vítima constata seu estado e na maioria das vezes foge desesperada deixando para trás seu dinheiro e talão de cheques.
     É preciso muito cuidado. Casos semelhantes já ocorreram com deficientes visuais, que receberam malas diretas, em Braille, solicitando que se passasse os dedos na superfície de um cartão anexo. Este transfere digitais novas para os dedos da vítima, sem que ela saiba. Depois, integrantes do bando roubam bancos e repartições públicas usando luvas com digitais, incriminando os pobres ceguinhos.
     Fique atento e envie esta mensagem para todas as pessoas que puder!

  04 abril 2006
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Trilha sonora da dissertação

Essa é a música que eu mais ouço enquanto escrevo a minha dissertação de mestrado...

Running Blind

Faixa 1 do CD "The Other Side" da banda Godsmack

Can’t find the answers
I’ve been crawling on my knees
Looking for anything
To keep me from drowning
Promises have been turned to lies
Can’t even be honest inside
Now I’m running backward
Watching my life wave me goodbye

Running blind
I’m running blind
Somebody help me see I’m running blind

Searching for nothing
Wondering if I’ll change
I’m trying everything
But everything still stays the same
I thought if I showed you I could fly
Wouldn’t need anyone by my side
Now I’m running backward
With broken wings I know I’ll die

Running blind
I’m running blind
Somebody help me see I’m running blind
Running blind
Running blind

I can’t find the answers
I’ve been crawling on my knees
Looking for anything
To keep me from drowning
I’m running blind
Running blind
Running blind